quinta-feira, dezembro 27, 2007

Post fraco O ultimo do ano ( ou não)

To em recesso criativo. não sai nada aqui de dentro.
Odeio esta fase do ano e todas as lembranças amargas que ela me traz.
não consigo escrever mais nada

acho que sequei.

feliz 2008 para todos!
....
uma certa dose de amor. é possível?

quarta-feira, novembro 28, 2007

Bicho Papão

Vem assim sem ser convidado
Mancha de vermelho os lençóis brancos.
E sucumbo.
Tenho a impressão de que passo a vida segurando o freio de mão.
Mas o óleo ta velho, o câmbio enferrujado e a qualquer momento o trem pode descarrilhar.
Então me corto no ponto exato. Sei como me machucar como ninguém
Sou capaz de passar horas vendo o sangue pingar sobre o piso já gasto do banheiro.
Fico insistindo nesses testes para ser o ator principal.
Bobagem! Sou apenas o coadjuvante, aquele que ajuda o mocinho a trama toda e nos quinze minutos finais morre nas mãos do assassino mascarado.
E essa atuação secundária nem é digna de Oscar.
Eis o meu segredo: tenho medo da pessoa que sou então invento uma personagem a cada noite.
E a noite vai se tornando cada vez mais longa e eu vou ficando cada vez mais distante.
Hoje especialmente cansei de minha máscara. Olho meus dedos amarelados por causa do cigarro, minhas olheiras por causa das noites mal dormidas.
Tenho medo da solidão que entra toda noite na minha sala de estar vestida de branco com olhos de angústia.
A noiva.
Penso estar enlouquecendo e os dias se repetem, se repetem se repetem...
É um ciclo.
E não consigo parar de pensar em uma noite de minha infância:
Deitado na cama no escuro eu ouvi ele se aproximar do quarto, tinhas mãos e dedos longos e usava um chapéu que escondia o rosto. Só dava para ver a sombra de um nariz grande e fino.
Lembro de ter me virado para a parede sem sentir medo ou qualquer outra coisa e aquelas mão se aproximando e lentamente tirando do meu corpo minha pequena camiseta.
Depois eu adormeci e quando acordei de manhã minha camiseta (a que eu nunca tirava para dormir porque se eu dormisse sem camiseta o anjo da guarda não me visitaria durante a noite. Foi o que dissera minha mãe) estava embolada no meio do quarto. Um montinho amarrotado tamanho p.
Agora eu sei que.
Ele nunca mais foi embora.

terça-feira, novembro 27, 2007

Monólogo (Parte 1)

Cada minuto que passa sou tomada por um desespero absoluto.
Tanta coisa acontecendo dentro de mim
Tanta confusão
Tanta coisa que eu queria dizer.
Olho ao meu redor e um mundo de micro-coisas acontecem.
Um telefone toca, alguém acena, alguém fala ao telefone, uma carta é digitada, um e-mail enviado, um beijo, uma morte, um nascimento, uma caneta cai, uma folha é rasgada, um tapa na face, um gole no café quente, um suspiro, um choro, uma risada, um olhar perdido, uma freada, um sinal fechado, aberto, um corpo que cai.
Pressa, pressa, pressa.
Tudo acontece ao meu redor e eu inerte.
Suspensa. Intocável.
Pareçe que não estou aqui. Que não faço parte de nada disso.
As vezes sou apenas o que dizem por aí.
O banal que me preenche a mente, o corpo que seca
E eu queria escrever.
Queria que saísse assim de dentro de mim este nó
Esta angústia
Uma inquietação sem fim
Uma coisa que corrói por dentro.
Queria contar sobre isso
Essa inquietude...sabe?
Não, não sabe
O que te aflige? O que te aflige?
Me conta, o que te aflige?
Sinto essa coisa esse nó na garganta
Um feto?
Seria um feto que não nasce? um feto morto?
Será que você não vê?
Ou será que não é nada?
Mas porque então eu perco o sono?
Meu corpo arde
Minha cabeça dói?
É preciso sentar.
É preciso calar
Fazer silêncio.
Tá, respira...agora....
Preciso forçar o vômito
Acabar com a ânsia.
Enfiar bem fundo o dedo na garganta e puxar
Puxar tudo de uma só vez.
Este monstro. Essa força.
Me escuta. Me escuta não vá ainda.
Olha para mim
Sabe, teve um tempo que eu acreditei que eu era diferente, que algo especial estava guardado para mim.
Eu era uma menina eu acreditei que eu conseguiria
Minha história ia ser linda....
Tão linda.
Não foi, não é.....
Escuta, me escuta!

sexta-feira, novembro 23, 2007

Meu mundo paralelo

Ando por aí tentando descobrir um sentindo pra tudo.
Ando por aí com uma mochila nas costas ouvindo meu mp3.
Por aí eu vou observando cada movimento, cada passante, sendo levado pelo caminho desconhecido do som que ouço.
Vou assim desajeitado querendo uma vida diferente, um atalho.
Desajeitado invento outro mundo e neste mundo estou sentado em uma cadeira confortável na varanda de casa.
Minha casa pequena com uma horta nos fundos, um jardim cuidado e uma bicicleta.
Nesse mundo eu fumo bastante e domino as palavras. Consigo descrever as sensações exatas das coisas. Dos cheiros, toques, sons.
O tempo passa pela janela, calmo, e eu não tenho pressa.
Neste lugar não há abismos e quando sinto falta de amigos uso o telefone vermelho que fica apoiado numa mesinha de canto.
Ali não tenho medo ou ansiedade.
Nem crises nem divã.
Não há buzinas nem fumaças. Não há obrigações. Ou deveres.
Há um amor para ser cuidado, um afago para ser feito um silêncio necessário.
Há uma árvore que cresce com preguiça, que necessita atenção.
Um vinho tinto seco na temperatura certa.
E quando o telefone não basta há a presença dos amigos queridos.
Não penso no futuro, não penso em nada, tudo que me é precioso está ali naquela caixa, naquele terreno que cultivei com amor.
É minha Macondo, minha Pasárgada.
É para lá que vou em dias como hoje (que se repetem) em que essa lama cobre tudo.
E a luz se apaga.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Sobre o amor, margaridas e abismo

Fiquei pensando em escrever sobre o amor.
Escrever como eu te amo.
Fiquei pensando em contar como passo os dias contando os minutos pra te ver.
Como é dolorido estar longe de você.
Como é um drama morar tão distante. Como passo as semanas fazendo planos para nosso encontro mensal.
Pensei em contar da vontade que tenho de estar com você toda vez que eu descubro algo de novo na rua em que eu passo todos os dias.
Que tenho vontade de te ligar de hora em hora.
Que minha cama é grande demais sem tuas pernas se enroscando nas minhas.
Que sem você as noites são longas e solitárias.
Da minha vontade de largar tudo. De deixar carreira, amigos, casa e me mudar pra tua cidade só para estar mais perto.
Pensei em escrever sobre o amor que sinto.
Mas eu não consigo.
Não consigo dizer aqui o jeito exato do meu amor. Não consigo dizer que é mágico.
E tenho medo de ser piegas.
Queria ter o dom para dizer “te amo” de um jeito diferente.
Então passo os dias tentando encontrar a palavra exata.

....
Eu ainda caio no abismo sem fim
A diferença é que agora carrego comigo uma margarida e seguro na tua mão.
E meus olhos estão abertos e fixados nos teus.
E antes do impacto que não chega nunca teu olhos me dizem para não temer.
E você sorri e percebo então aquilo que eu sempre soube.
Tudo está bem.
....
Te amo porque você não tentou me tirar do abismo
Você fez do meu abismo um lugar melhor
Você me trouxe margaridas...

quarta-feira, outubro 24, 2007

na madrugada

Msn aberto
música
diálogos
taça pela metade
safra 2006
e a vontade eterna de ser outro


ESTAR ALÉM DO PONTO.

quinta-feira, outubro 18, 2007

O que eu não sei

Eu Deveria saber já.
Mas eu tenho um dom para o abismo.
Eu me forço a andar ali na beira.
Porque eu sempre acho que assim, na beira do abismo, eu tenho a visão mais bonita...
Vivo ali me equilibrando para não cair.
Mas eu deveria saber que enquanto to ali na beirada coisas belas acontecem a minha volta.
E eu não vejo.
Não toco.
Eu sempre to olhando para meu umbigo ou para debaixo dos meus pés
Eu sempre to cavando um terreno desconhecido em busca de algo que nem sei o que é.
Às vezes quando acho que fui longe demais eu volto correndo.
Encolho-me e fecho todas as portas.
Os dias passam e eu abro uma janela... e vou voltando devagarzinho para o mesmo lugar de antes.
Como um menino maravilhado com o brinquedo novo.
Eu deveria saber aquilo que todo mundo sabe:
É preciso entender e amar a vida. Todas as suas dores e perdas, todos os danos, toda noite bem ou mal dormida, toda lágrima e riso, cada conquista, todo beijo e abraço, todo tapa e palavras duras.
É preciso estar atento para só depois, veja bem, só depois descartá-la
Eu deveria saber...

quarta-feira, outubro 10, 2007

A casa

A casa está vazia.
Apenas silêncio e uma poeira fina.
O sol entra acanhado iluminando os móveis velhos.
A cortina da sala está suja.
A cama está do mesmo jeito e roupas e sapatos estão jogados no chão.
Não há sinal de vida.
Vazia.
Um vento tímido balança o pano branco que cobre o velho piano.
Pode ser que ele volte. Deixou a porta aberta, acho que é um sinal.
Pode ser que ele venha com móveis novos e troque tudo.
E pinte as paredes e toque o piano.
A melodia mais linda.
Talvez não volte nunca e esta casa morra de vez.
Ele saiu apressado durante uma noite de tempestade sem capa de chuva ou botas.
Parecia estar triste, não sei.
E quando saiu da casa ele caminhou em direção ao rio...
Há quem diga que se você se debruçar na margem e olhar bem lá no fundo você o verá.
E parece que é a cena mais bonita de se ver...

quarta-feira, setembro 26, 2007

Oi. Bom dia.

To indo viajar.
Daqui a pouco estarei em Porto Alegre.
Cidade do meu escritor preferido: Caio F.
E visitarei a casa em que ele morou. Visitarei o Túmulo onde ele foi enterrado (por mais móbido que isso pareça) Deixarei lá uma margarida. Amarelo branco, desespero agrádavel.
...
Talvez eu volte um pouco mudado. Talvez.
O coração se acalme.
Tocarei as mãos que as minhas tanto desejam.
E beijarei a boca que deixa a minha desassossegada.
Talvez o amor aconteça...
...
Quando eu estiver na beira do rio Guaiba tomando uma taça de vinho e assitindo ao por do sol vou pensar que.

terça-feira, setembro 18, 2007

Fragmentos

Uma historinha:
Ela só de calcinha se olhando no espelho. No vigésimo andar tomando uma taça de vinho e se sentindo feia por causa da celulite.
E embora estivesse frio. A janela estivesse aberta, embora já estivesse bêbada ela queria mais vinho.
Pensou que seria bom cair assim de repente do vigésimo andar, as celulites estourando lá embaixo. Nunca mais dieta. Nunca mais frustrações.
Embora fosse bem sucedida, fosse casada, e rodeada de amigos estava se sentindo triste.
Uma historinha assim: embora a vida que a envolve. Ela como uma bailarina desastrada assim meio que debruçada na janela , meio sem querer, despencava feito uma boneca de pano do vigésimo andar.

Embora o frio cortante.

quinta-feira, agosto 30, 2007

Poço

Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num poço assim de repente? No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço. A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poço do poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói. Morrer é entrar noutra. E depois: no fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobri quê.

Caio F. O Ovo Apunhalado.
...

Porque eu Entendo de poços!

bom dia

terça-feira, agosto 28, 2007

Augusta, 387.

To aqui sentada. Cansada.
Sozinha, abandonada.
Olho o esmalte vivo das unhas curtas. Vermelho sangue.
Vermelho noite, vermelho claro.
Bebo o último gole de vodca barata, pouco gelo, desce queimando, aliviando o amargo que ainda resta.
Na boca do estômago, no canto da boca
Do beijo final.
Assim á meia luz. Meias pretas, salto alto.
Arrumo o coque no alto da cabeça. Ensaio um sorriso. Anos depois...
Parada. Contemplo no espelho os meus seios cansados. Esses olhos que desconheço.
O tempo que chega sem pedir licença. Já nem lembro mais quem sou. De onde vim para onde vou.
A noite ainda é uma criança e é preciso rebolar um pouco mais, beber um pouco mais, forçar mais este sorriso... Isso assim...
Amarga, triste, drogada... quem se importa?
Aqui parada olhando o esmalte vermelho.
Vermelho sangue.
Ouço carros apressados na avenida lá fora, sinais fechados. Cruzamentos fatais.
Olhando assim as unhas, querendo mais vodca barata, minto um sorriso.
É preciso parar de desejar a morte. Desejar a vida. Não dá.
A noite ainda é uma criança e o show tem que continuar...

Diálogo.

-Alô?- Ele atende do outro lado, são três e quinze da manhã, voz sonolenta.
– Oi, sou eu.- Acendo um cigarro, janela aberta um frio cortante. Me levanto e caminho até a sacada. Vinte andares abaixo, a cidade que não para nunca.
- Oi, que foi?
- Acabei de tomar uma garrafa de vinho
- O que?
- Na tua hora final. Que música estará tocando na curva fatal? Onde você vai estar? Olhando para um teto branco em um quarto cheirando a iodo? Ou numa festa? Qual será teu último desejo? Tomei uma garrafa de vinho. Isso me fez pensar...
- Isso o quê? Olha são três e quinze da madrugada eu estou com sono...
- Isso... O vinho, a cidade lá embaixo. Eu estava pensando onde você vai estar na tua hora final...
– O Que você está falando? Eu estou cansado, preciso dormir, vá dormir também.
- Na hora da morte será que saberemos? O que diremos? Quanto tempo teremos? Eu sei hoje é sábado eu estou meio bêbado, melancólico... Desde que você se foi eu...
- Escuta... Eu preciso dormir, não quero falar disso agora! Eu não estou sozinho... Vá dormir... É tarde!
- Eu só queria dizer que. Eu...
- Eu vou me deitar! Boa noite.
Desliga o telefone. O frio parece aumentar.Tanta gente triste, meu Deus!
Porque é sábado eu estou só.
Você me deixou e eu estou bêbado.
Porque sinto–me vazio e não sei o que fazer sem você, minhas mãos não encontra um lugar, meu corpo não se aquece.
Espelhos partidos.
Sinto o piso frio debaixo dos meus pés descalços.
Vontade súbita de ligar de novo, de pedir para você voltar, me escuta...
Vamos tomar um café agora.
Uma taça de vinho... Venha me cobrir, escuta...
Eu ainda não disse tanta coisa...Nós ainda não caminhamos pela paulista, não tomamos chuva junto, escuta!
Três e pouco da manhã...
Alguns acreditam ser a hora do demônio.
A hora da morte.
A minha hora final.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Um sonho que tive.

Você já sentiu assim? É como se você estivesse suspenso, como se você não tivesse sido convidado.
Para a festa
Com uma velocidade incrível eu cai no abismo
Escuro, sujo e de pouca ventilação. Daqui de dentro eu não consigo respirar, meu peito dói e tenho uma vontade imensa de gritar.
Tenho vontade de rasgar o peito e com a mão direita puxar daqui de dentro essa serpente negra. Tem me sugado.
Não consigo subir. Não tenho forças para caminhar aqui dentro.
É um espaço mínimo, escuro, e não consigo ver saída.
Ouço daqui debaixo vozes lá em cima, passos e risadas. Ninguém me vê.
As pessoas, elas atravessam meu abismo.
Imponentes.
Daqui eu vejo tudo distorcido e só espero minha hora final.
Tenho vontade de voltar a ser feto.
Eu tenho medo de morrer, de perder o controle, de não amar nunca, de perder o emprego, da bomba explodir, do mundo ruir.
Quando estou aqui dentro não tenho forças e nem vontade.
Para dizer ou escrever qualquer coisa.
Fecho os olhos e tento esquecer...
...
"Vou –me embora para Pasárgada
Lá sou amigo do rei.
Lá tenho a mulher que eu quero na cama que escolherei"
...

quinta-feira, agosto 23, 2007

Crise

Dentro de mim há um outro.
Que tem medo da morte, que vive á beira do precipício e se culpa por tudo vivendo muito ansioso.
Em momentos de crises maiores a boca dele seca, tem palpitações, taquicardia, sente dificuldades em respirar.
Esse, o outro, tem medo de morrer dormindo e fica adiando a hora do sono.
Ele se sente fora do mundo e costuma dizer que na vida ele é "café com leite" e nem ao menos consegue se olhar no espelho.
Por alguns segundos pensamentos suicidas tomam conta de sua mente, sente vontade de gritar, ânsia de vômito... crises de choro... uma angústia que nem cabe.
Esse cara é meu maior inimigo! Ele quer me levar para o abismo e as vezes quase consegue.
Mas tem o cara que eu gosto que há tempos eu não o vejo. O cara que aceita e entende a vida que ama até suas dores.
O cara que acredita no amanhã e tem fé.
Fé na vida, nas pessoas, no mundo ao redor.
O cara que se emociona com um texto qualquer, que passa horas perdido em uma leitura tocante. Que assiste um filme antigo e tem vontade de ser cineasta.
Que anda na avenida paulista e em cada esquina imagina uma história. Que chora de felicidade e saudade.
Que ama estar vivo e não teme a morte.
Os dois vivem em guerra. Uma luta constante.
Mas o que nenhum deles sabe é que estou grávido de um terceiro...
E este que chega tem um pouco de cada um. E algo me diz que vou ama-lo mais que todos.
Já até escolhi o nome. Este que vem rasgando entranhas chama-se:
Equilíbrio!

terça-feira, agosto 21, 2007

Oi.

Meu final de semana foi bem tranqüilo, obrigado por se interessar.
Não, isso também é mentira.
Minha mãe veio me visitar depois de um ano. Cozinhei sexta e sábado. Conversei e deitei em seu colo vendo televisão. Ela me beijou antes de dormir e me fez café quase o dia todo.
Aluguei filmes e vimos juntos como fazíamos antigamente. Fomos ao shopping e demos algumas risadas. Minha mãe tem medo de escadas rolantes e isso sempre é motivo de riso...
Ela é linda e serena. Toda fofa da cabeça aos pés. E tem tanto amor ali que nem cabe.
Foi embora domingo logo após o almoço. Me deu um abraço demorado e um beijo na testa.
...
A noite eu me joguei. Enchi a cara e fiquei na rua até as 4 da manhã. Coisas aconteceram que eu nem lembro. Madrugada hardcore!.
Acordei ontem com uma puta dor de cabeça e ressaca moral.
Percebi que gosto mais do menino tranqüilo que cozinhou e deitou no colo da mãe, do que do menino hardcore e drogadinho de domingo a noite.
Não, isso também é mentira.

sexta-feira, agosto 17, 2007

Carta

Sampa, quarta-feira, 16 agosto.
Verinha,
Faz tempo que não nos falamos, nem mesmo por telefone ou e mail, nem mesmo um sinalzinho de fumaça.
Tenho pensado em você. Tenho pensado em nós. Eu me lembro quando te disse que eu viria embora: Eu disse que largaria tudo e que deixaria tudo para trás.
Disse que eu estava muito cansado de doer, muito cansado das pessoas, Verinha eu tenho isso tão forte sabe? Tenho preguiça das pessoas.
Lembro que naquela última noite no bar, era uma noite tão clara tão quente, você estava com um vestido lindo florido. Você me disse para tomar cuidado para ir com calma para ir sem pressa, que você tava comigo que me amava. Lembro-me bem da lua no teu rosto, do teu cabelo caído nos ombros, de tua risada. Você jogava tua cabeça para trás quando ria.
Nós dizíamos que éramos almas gêmeas. Sinto tua falta, de andar de bicicleta, de ver filme e comer pipoca na casa da avó. Sinto falta do nosso amor... era tão puro! Essa cidade me destrói, me consome...
Tô doente Verinha assim, daquele jeito na alma, tanto prédio, tanta gente, tanta pobreza, tanta gente fútil demais. Ta faltando amor.
As pessoas nem se olham mais. Um egoísmo sabe? Uma pressa! Uma necessidade de não sei o que! To querendo ir embora, talvez Berlim, talvez uma cidadezinha qualquer distante, uma casa pequena com um jardim, cuidar de mim.
Quero ir embora. Eu sei, sei que você tem orgulho de mim, sei que você têm lido coisas sobre mim. Mas eu não to feliz Verinha. Aquele garoto do interior que deu certo, quer mais além. Quero outra coisa
Sempre.
Um beijo, manda beijo para Leandro diz que to com saudades.

Seu.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Desabafo!

É isso. Hoje estou com raiva.
Bruta, seca, um nó na garganta.
Cansei de ser o amigo fofo
O que escreve coisas bonitinhas.
Cansei de ouvir "vc é interessante"!
Cansei. De ser incentivador.
De deixar partir sem doer. De achar que vou sobreviver.
Cansei de me doar.
De caras que me acham " bacana" mas preferem minha amizade.
De palavras dóceis, de "foras" elegantes.
De gente tentando me fazer sentir bem! Querendo me fazer acreditar que eu sou realmente bonito (em todos os sentidos).
Se eu fosse, não seria invisível!
Cansei de ser amigos de ex. ficantes, paqueras, pretês e o diabo a 4.
Quero mais é transar, beijar na boca, brigar, verdade.
Quero sexo. Quero compartilhar.
Eu não sei jogar este jogo maldito que inventaram...

Cansei de brincar!

quarta-feira, agosto 15, 2007

Zero Grau de Libra

... Deus, põe teu olho amoroso sobre todos que já tiveram um amor, e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem.
Derrama teu olho amável sobre as criancinhas demônias criadas em edifícios, brincando aos berros em playgrounds de cimento. Ilumina o cotidiano dos funcionários públicos ou daqueles que, como funcionários públicos, cruzam-se em corredores sem ao menos se verem – nesses lugares onde um outro ser humano vai-se tornando aos poucos tão humano quanto uma mesa.
Passeia teu olhar fatigado pela cidade suja, Deus, e pousa devagar tua mão na cabeça daquele que, na noite, liga para o CVV. Olha bem o rapaz que, absolutamente só, dez vezes repete Moon Over Bourbon Street, na voz de Sting, e chora. Coloca um spot bem brilhante no caminho das garotas performáticas que para pagar o aluguel dão duro como garçonetes pelos bares.
Olha também pela multidão sob a marquise do Mappin, enquanto cai a chuva de granizo, pelo motorista de taxi que confessa não Ter mais esperança alguma. Cuida do pintor que queria pintar, mas gasta seu talento pelas redações, pelas agências publicitárias, e joga tua luz no caminho dos escritores que precisam vender barato seu texto- olha por todos aqueles que queria ser outra coisa qualquer a que não a que são, e viver outra vida se não a que vivem.
Não esquece do rapaz viajando de ônibus com seus teclados para fazer show na Capital, deita teu perdão sobre os grupos de terapia e suas elaborações da vida, sobre as moças desempregadas em seus pequenos apartamentos na Bela Vista, sobre os homossexuais tontos de amor não dado, sobre as prostitutas seminuas, sobre os travestis da República do Líbano, sobre os porteiros de prédios comendo sua comida fria nas ruas dos Jardins. Sobre o descaramento, a sede e a humildade, sobre todos que de alguma forma não deram certo (porque, nesse esquema, é sujo dar certo), sobre todos que continuam tentando por razão nenhuma – sobre esse que sobrevivem a cada dia ao naufrágio de uma por uma das ilusões.
Sobre as antas poderosas, ávidas de matar o sonho alheio - Não. Derrama sobre elas teu olhar mais impiedoso, Deus, e afia tua espada. Que no zero grau de Libra, a balança pese exata na medida do aço frio da espada da justiça. Mas para nós, que nos esforçamos tanto e sangramos todo dia sem desistir, envia teu Sol mais luminoso, esse zero grau de Libra. Sorri, abençoa nossa amorosa miséria atarantada.

Caio Fernando Abreu, 24/09/86. Caio me dói de um jeito bom...

terça-feira, agosto 14, 2007

Tempo

É tempo de arrumar a casa. De cuidar do templo.
Tempo de arar a terra. De cultivar sonhos.
De jogar o que não serve mais fora. De guardar coisas bonitas e úteis.
Tempo de cuidar da mente. De beijar a testa de uma dose de afeto.
É tempo de abraçar quem se ama de segurar a mão frágil.
Tempo de parar, sentar no chão e andar descalço.
Acreditar no sonho alheio, sonhar compartilhado.
De mandar cartas esquecidas telefonemas atrasados.
Ouvir. Tempo de fazer silêncio.
Tempo de parar.
Não correr tanto. Dormir tranquilo. Cuidar do jardim.É tempo.
De cultivar gentilezas e colher gratidão.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Caixinhas e Amores

Não importa o tipo de relacionamento quando acaba sempre dói.
Pode ser um namoro de longos anos, um namorico, uma amizade que parecia eterna, por muitos motivos os relacionamentos acabam.
E a gente tem que lidar com a perda a distância o silêncio. Por isso criei as caixinhas.
Tive que aprender que algumas histórias acabam mesmo as que eu não gostaria.
Então para cada história eu criei uma caixinha dentro do meu coração. E quando chega a hora a gente sempre sabe, sempre sabe quando um relacionamento já está desgastado e por mais dolorido que pareça eu aceito e entendo o fim. E para não sofrer muito, não chorar tanto, não sentir tanta falta eu os guardo.
Guardo tudo ali dentro, as risadas, os tapas, os beijos, as discussões, os abraços e telefonemas.
E deixo a caixinha lá fechadinha cuido para que ela sempre esteja intacta e bonita, sempre novinha.
Depois toda vez que sinto saudades eu abro a caixinha e relembro e me sinto abençoado por ter vivido uma história tão boa, intensa e cheia de verdade.
Não importa o tempo que durou importa como eu a vivi.
Estou em fase de abrir algumas caixinhas... Mas nunca deixo de olhar pra frente...

sexta-feira, agosto 10, 2007

lembranças

Depois de uma semana voltei á terapia, estava com saudades do cheiro, das plantas, das poltronas amarelas da sala de espera. De ver o rosto sempre preocupado da recepcionista, de ficar imaginando como seria a vida dela fora dali.
Já no divã, depois de minutos de conversa falamos sobre um filme que me toca: "Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças". O terapeuta com sua calma inquietante lança um desafio "Se você pudesse apagar todas as suas lembranças, qual história Você construiria, Você contaria?".
Com a angústia habitual saio do consultório e tento imaginar a nova História da minha vida.
Se tudo, até este exato momento fosse apagado quem eu seria? A partir de agora?
Eu seria um escritor, Um exemplo de superação, estaria na minha casa tomando um café e vomitando palavras em folhas em branco. Seria um ator angustiado, vivendo mais uma vez a construção de sua personagem.
Estaria casado com o mais bacana dos moços e ele estaria me esperando na Vila Madalena, depois da consulta, para almoçarmos.
Eu seria um cara pleno, com histórias para contar. Eu construiria uma história totalmente diferente de hoje, até minha roupa seria outra, calça xadrez vermelha, tênis allstar preto cano baixo, camiseta verde. Estaria no metrô lendo um livro, talvez Marques de Sade, talvez Pequeno Príncipe.
Meus amigos seriam outros, minha casa outra, a cidade outra, o país.
Se eu apagasse a minha memória poderia viver tantas outras histórias.
Melhores que essa talvez.
E, então.
Então me dei conta que a história mais bonita eu já estava contando, que é essa agora que vivo hoje.
E que seria triste demais apagar as lembranças, mesmo as sofridas.
Penso em ligar para o terapeuta e dizer : "não sei que história construiria, pois é essa exatamente a história que eu quero viver"
Com lacunas e abismos, páginas ainda em branco mas, sem dúvida a mais envolvente que eu poderia viver!

Um textinho antigo mas que eu gosto muito.

Volta

Dei um tempo do blog.
De repente uma preguiça de escrever ou dizer qualquer coisa.
Mas não sei fazer nada além de manchar papéis brancos com minhas dores e alegrias.
....
Aos poucos e sempre.