domingo, maio 31, 2009

Domingo.

Só porque é domingo
Só porque estou um tanto melancólico.
No trabalho... enfiado dentro desta sala...
Só por isso eu vou postar um poema que amo do E.E Cummings.

Acho lindo, Acho Clichê e ainda vou dedicar para alguém... ah vou!


Carrego o teu coração comigo

Carrego o teu coração comigo (carrego-o no meu coração)
Nunca estou sem ele (onde eu vou tu vais, querida; e o que é feito só por mim és tu que fazes, meu amor)
Eu não temo nenhum destino (tu és o meu destino, meu doce)
Eu não quero outro mundo (pela tua beleza ser o meu mundo, minha verdade)
E tu és seja o que for que a lua signifique e o que quer que o sol cante sempre és tu
Aqui está o segredo mais profundo que ninguém sabe (a raiz da raiz e o broto do broto e o céu do céu da árvore chamada vida; a qual cresce mais alto do que a alma espera ou a mente esconde)
E este é o milagre que mantém as estrelas separadas

Carrego o teu coração (carrego-o no meu coração)

sexta-feira, maio 22, 2009

Para Dri Cechetti

Sabe aquela menina da sexta série?
Aquela, que sentava lá na frente. Não na primeira fileira. Mas um pouco mais próxima da janela, na terceira mesa.
Não fazia parte da galera do fundão, nem tampouco era da turma dos chatos da primeira fila.
Aquela que te despertava curiosidade, lembra?
Ela que parecia séria, apesar da pouca idade, era de poucas palavras e só andava com as meninas na hora do intervalo.
Ela não tinha as melhores notas, mas sem dúvida, era a mais esperta.
Você olhava pra ela, sempre misteriosa. Você já sabia e pensava consigo mesmo "essa menina vai longe".
Ela carregava um mundo na mochila e a mochila nas costas, e pesava tanto as vezes.
A gente sentia naquela época que ela pulsava. Que em seus cabelos meio desajeitados, meio ondulados, desciam sensações e desejos e sonhos.
E de sonhos ela era feita.
Não que tivesse escolhido ser assim, essa menina, esse tipo de gente que não se vê por ai.

Mas fora predestinada.

Os anos passaram. A sexta série ficou lá em um passado distante e adivinhe? Ela deixou de lado a mochila mas continuou carregando o mundo nos ombros.
O seu mundo. Feito de cores e sons e sonhos.
E continua pesado. Mais que naquela época.
E a menina, como era de se esperar, sofreu. Porque assim são os predestinados sofrem um tanto mais que os outros, esses que andam por aí.
Quando você a encontrar vai acha-la meio perdida, um tanto diferente, vai achar até que ela se desviou de seu Destino.
Mas eis um segredo: O cabelo cheio de sensações continua lá, um pouco mais curto, no tamanho exato da luz.
E é preciso uma porção de paciência, de persistência para desconstruir as camadas que a envolvem.
Então aos poucos ela vai surgindo, aquela menina, cheia de ternura doce, beleza e dom.
E dá um pouco de medo porque apesar de pequena, ela é grande, expande e é preciso abrir portas e janelas e mesmo assim ela quase não cabe.
Porque ela é predestinada.
O que me deixa preocupado é que as vezes tenho a impressão que ela não sabe disso.
Então eu te peço, se a encontrar assim qualquer dia no supermercado, ou no semáforo fechado diga a ela no pé de ouvido: "Ei menina da sexta série, você me inspira".
Quem sabe se todo mundo, se mais gente disser isso a ela, ela passe a acreditar.
Então ela se lembre dela outra, na sexta série, e fique um tiquinho mais leve.

E volte a escolher os sonhos antes de dormir

Minha Crise aos 40.

"Quando eu tinha vinte e poucos anos eu vivia cada dia, cada minuto intensamente.
Porque quando eu tinha vinte e poucos anos eu achava que não podia perder tempo, que não podia parar para nada.
Eu jovem ainda achava que sabia tudo, que precisava ter tudo, eu tinha pressa, pressa de ser feliz, pressa de encontrar um amor.

Tinha uma urgência, uma necessidade de não sei bem o quê.

Com vinte e poucos anos eu vivi da pior forma e da melhor forma também, eu usei drogas, eu bebi muito, eu andava caindo por aí, rindo por aí, chorando em banheiros que eu não conhecia. Havia muito cor na minha vida. Cores fortes, havia também uma lama espessa, uma poça funda, um abismo.
Aos vinte e poucos anos minha vida era uma areia movediça.
Não sei se você vai me entender mas, eu tinha que ser bom em tudo eu tinha que ter um bom emprego, ter notas boas, comprar minha casa, ter um bom carro, falar bem , comer em bons restaurantes, ser "hype", estar na moda, ser amigo dos amigos, ter uma turma, uma tribo, um estilo, uma atitude.
Nem o telefone móvel que tocava sempre eu tinha escolhido!Tudo me era imposto.

E eu não aceitava nada, gostava daquela vida, daquele jeito desapegado das coisas, daquela casa tão anos 70, uma vida sem compromissos.
Eu enchia a boca e dizia: "eu vivo intensamente".

Daí surgiu a crise dos vinte e poucos... Curei a minha com lsd, com ecstasy, com pó, muita vodka e fumaça, música e beijo na boca.
Eu me sentia vazio e um tanto solitário, mas fazia parte.

Era assim.

A solidão é uma constante quando se tem 20 poucos anos.
Todos meus amigos sentiam o mesmo, todos eles assim meio zumbis, meio preocupados com o futuro.
Alguns eram cheio de poses, outros se faziam de fortes mas choravam sozinhos no escuro.Eu já morava sozinho um tempão uma coisa também supernatural na época.
E claro eu seria um homem bem sucedido.
Eu era formado, bem relacionado e bonito, aparência é tudo quando se tem vinte e pouco.
O engraçado é que o tempo correu tanto que eu ia deixando de ser o menino, o rapaz, o moço bonito e inteligente de 20 e poucos anos.

E durante o processo, sim porque é um processo, eu agora penso que ninguém me ouviu. Ninguém ouviu meu grito entalado, minha voz cansada, ninguém percebeu que eu precisava parar.

Afinal aos vinte e poucos anos você só é mais um.

quarta-feira, maio 20, 2009

Carta para Minha Mãe

A senhora deve estar achando estranho esta carta, eu sei.
Posso imaginar sua euforia quando o carteiro lhe entregou. Depois teu estranhamento. Por que agora? Por que assim? Neste papel amarelado?

Temos nos falado tão pouco, nossas escassas conversas no telefone são frias, exatas em sua secura.
Hoje cai uma garoa fina sobre a cidade suja.
Há tanta pressa por todos os lados, tanta vontade de chegar em casa, de tomar um chá, de encontrar o jantar na mesa. Em cada estação do metrô lotado tantas vozes esperando serem caladas por um beijo.

Sabe mãe, hoje aconteceu uma coisa estranha comigo: eu não vi as pessoas como sempre vejo. Não vi nada além, fiquei invisível dentro do vagão que cheirava suor e cigarro. Agora imagina, eu que gosto tanto de observar, descobrir cada historia perdida nos vincos dos rostos cansados, não vi nada.
Esta carta assim as pressas é para te contar sobre o homem que me tornei.
O homem que você jamais conheceu. O engraçado é que não me lembro bem de como eu era antes de.

Aquele menino que passava horas preso no quarto perdido na literatura, vivendo vidas que jamais foram as dele, se perdeu.
Fui tão triste quando jovem e tão sonhador também, algumas lembranças são como fotografias fora de foco aqui dentro.
Fragmentos e talvez, veja bem, talvez tenha sido esses fragmentos que me fizeram ser quem eu sou.

Tinha você antes com teu cabelos cacheados, "permanente", você dizia.
Tinha a beleza de te esperar sentado no portão. O teu sorriso ao me ver: o teu garotinho com roupas gastas e pé no chão. A tua força, mesmo depois de um dia de fadiga, para fazer o jantar, para se sentar no sofá em paz enfim.

Tinha tuas mãos tão calejadas pela vida e eu não entendia como uma mulher tão jovem pudesse ter as mãos daquele jeito. Nenhuma mãe na rua tinhas as mãos como a sua. O teu sorriso tão cansado era quase um grito de socorro, um pedido de ajuda que eu só entendi mais tarde.

E tinha o pai, engraçado que nesses fragmentos não há imagens dele feliz. Só há um farrapo de homem, bêbado como um anjo caído. Os tapas em você, as louças quebradas, os jantares terminados em gritos em choro.
Ele também jovem cheio de amargura, as palavras duras, o jeito sério. Eu tinha pena de nós, mas mais ainda de você.

Mãe, eu não entendia que tipo de amor era esse que te prendia no caos. Porque você não gritava com ele? Não fugia para marte ou para a lua? Não saia sem rumo para longe? Não nos tirava dali?

Depois veio a raiva , o ódio de perceber que eu nunca seria feliz aí. E havia meu segredo tão bem escondido que ia crescendo como monstro e a vontade louca de ternura e afeto.

Vontade de coisas que eu nunca seria, nunca teria. Este desejo que ardia tão fundo...E a raiva de viver tudo isso, de estar ao teu lado, de te achar covarde, de odia-lo tanto.

Eu passei noites em claro elaborando um jeito de me livrar desta história.
Primeiro quis envenená-los, depois quis morrer jovem.
E só então decidi que viria embora.
Eu estava preso entende? Eu precisava de espaço para crescer e ganhar o mundo, de provar que eu seria diferente, que minha história seria outra.

Senão eu secaria.

Eu me sentia tão velho ainda que jovem demais.Eram tanto peso nos meus ombros frágeis de menino....
Eu não queria me tornar meu pai. Não queria me tornar você, tão cansada, triste e tão sozinha....

E assim, disso eu me lembro bem, fiz minhas malas e parti.

Você chorou tanto, pediu tanto mas eu não podia assistir aquilo eu precisava voar para longe.

E dentro da minha mala além das poucas roupas e sonhos eu trouxe comigo meu amor, meu ódio, minha dor para com você.

Esta cidade é dura minha mãe e constatei isso logo de início jovem e sozinho.
Muitas vezes com fome outras com frio e tantas outras com uma porção de poesia eu pensava "eis que é esta é a grande Babilônia, a prostituta".

E foi tão difícil mãe falar com você no telefone e lhe dizer que tudo estava bem sem estar. Eu estava amadurecendo afinal? E além disso, aqui eu pude ser mais claro.
O desejo que antes era pequeno, pecaminoso, crescera tanto que escorria pelas minhas mãos.

Me queimava em noites longas.
Então amei.
Amei branco, amei fundo, amei este rapaz como jamais amei alguém. E via no fundo de seus olhos de menino que eu tinha sido salvo enfim.
Mas como é amar quando só se conhece o amor cheio de feridas? Cheio de espinhos? O amor que consome e destrói? O amor do caos? ( fiz tanta coisa feia mãe).Como é a ternura quando só se conhece a amargura?

E assim mãe eu me entreguei ao caos, desisti deste amor.

E penso e tenho tanto medo. Talvez jamais eu consiga amar de novo, não quero mais machucar ninguém. Que as feridas sejam apenas minhas.
E mais uma vez eu fugi, ele não podia mais me ter nos ombros como um fardo, desaprendi há muito tempo atrás como ser feliz.
E foram noites de porres homéricos, de desrespeito, fui tão fácil, era como se eu tivesse vendido minha alma na esquina, para o diabo.
Eu me perdi.
Noites de carreiras brancas entrando pelas narinas e o alívio imediato.
Uma personagem.
Aquele garotinho cheio de ideias, e pudores,e culpa se transformou numa personagem de David Linch.
Tanta falta de não sei o quê, uma solidão tão grande, um desespero.
E eu só queria ser salvo, ser diferente.

Hoje eu sou "alguém" nesta grande Babilônia.

Sei que você enche o peito para falar de seu filho importante, o jornalista, o filho que deu certo na capital.
Mas mãezinha foram tantos os naufrágios, tamanha merda, uma cova atrás da outra e outra e outra que eu desapareci.
Sequei na estrada da vida.

O que me falta querida mãe? Além de seu café quente? De suas mãos cansadas?

Fui julgado severamente pelos meus atos, Sou apenas o que dizem que sou.
Nada mais.

Quando terminar de ler esta carta mãezinha eu lhe peço com a fé que te resta, peça para teu Deus olhar por mim.
Para que ele não me dê as costas como eu fiz com quase tudo na vida.

Te beijo minha mãe.

P.s Se for possível peça para Deus para que ele cuide também de minhas irmãs queridas. Que ele encha meu coração de paz. Que eu possa amar meu pai assim puro. Que ELE cuide de meu rapaz perdido, que sua vida seja doce e clara.
Peça pelos meus amigos que prezo. E que ainda se der, que ele mande um anjo esta noite para me dizer dentro do meu ouvido que sim, eu ainda sou um bom menino.

Diga para ele mãezinha que eu só quero acordar em paz.

Espelhos Partidos

Onde eu estava?
Em que noite foi?
Foi no bar? Na rua?
Tava chovendo?
Sei que haviam espelhos partidos.
Cacos por todos os lados.Cortaram meus pés, meus pulsos, rasgaram meus olhos.
Tanto sangue na brancura
Tanto vermelho na minha calça branca desfiada.
Eu tento mas não consigo
Dois dias sem sair de casa, dois dias sem me levantar
Inerte na cama, janelas fechadas, dias cinzas.
Apenas pombos batendo com os bicos nas janelas sujas.
Nenhum telefonema ou convite.
Silêncio em tudo, pela casa, pela alma, no mundo.
Só ouço meus fantasmas. Minhas reclamações.
Farto de histórias inacabadas, de amores não amados.
Onde foi meu Deus???
Que eu perdi a fé? o freio? o juízo?
Lembro-me tão pouco do antes.
A cortina ainda estava aberta
Havia a platéia, os aplausos
Nada restou. Luzes apagadas. Poltronas encardidas e poeira.
Não há o carrinho de pipoca, as risadas, as taças de vinho.
Não há música. Nem dança.
Ninguém me tira para dançar neste salão.
Sentado horas a fio com uma rosa na mão sem um par.
Ao menos se tivesse um último cigarro...Onde está?
Como foi? Em que momento?
Diga-me se sabes.
Os cacos no chão
Eu deveria saber
O abismo ao contrário.
Um não cair.
Um momento suspenso. Era a vida.
Que hoje não há...

sexta-feira, maio 15, 2009

Blue

Chuva, vento gelado, nuvens escuras. Trânsito.
A cidade fica tomada por guarda chuvas. Pretos, Brancos, sombrinhas da Madonna, da Britney, grandes, médios, pequenos, floridos, básicos.
É a guerra. Gente carrancuda empurrando, batendo com o guarda chuva.
Fica difícil andar na calçada, ficar no seu espaço, seguir seu caminho.
È muito fácil ficar de mal humor.
Mas hoje é sexta feira, tá garoando, vento frio e trânsito caótico. Eu ando pela calçada lotada de toda sorte de gente e guarda-chuvas. E só há um fio frágil pronto para se arrebentar e desencadear meu mal humor.
Isso não acontece. Eu adoro manhãs assim. Adoro olhar a rua molhada, as luzes amarelas do centro, as pessoas na padaria, as bancas de jornais... Toda a imponência do Copan...
Eu passo na padoca, peço um pingado, folheio o jornal. Estou leve e tranquilo.
Não quero a energia dessa gente carrancuda, chata, pesada demais para uma manhã de sexta feira.
Continuo meu caminho rumo ao metrô lotado, não há nada de glamour nisso.
Mas eu estou leve. Apesar da falta de grana, dos problemas, da torneira que não para de vazar, da cortina que rasgou, da bermuda que manchou, do arroz que queimou.
Apesar da falta de um amor, do telefone não tocar, do abraço não chegar.
Apesar de tanto frio, tanta chuva, trânsito e manhã caótica.
De todo o caos que me cerca. Da dureza, do peso nos ombros.
Embora o frio e o tênis branco molhado, o amargo que insiste em ficar.
Eu não vou ceder. Minha vida pulsa, corre o vermelho quente nas veias. Meu sexo em brasa, em brasa meu cérebro
Estou claro.
E me lembro então, parado no meio da rua enquanto espero semáforo, uma coisa que eu já tinha esquecido.
Me lembro que acredito em Deus, que Ele deve se lembrar de mim.
Então agradeço, o semáforo abre, eu sigo em paz.
Embora toda feiúra do mundo!

segunda-feira, maio 11, 2009

Segunda Feira macabra

O dia está suspenso no espaço
Como se não tivesse acontecendo nesse plano
Tem alguma coisa muito errada e ninguém percebeu.
Essa é a terrível sensação que sinto nesse exato momento
Parece que alguém apertou o pause do meu controle remoto.
O dia está correndo em outra sintonia
Eu não estou na mesma energia
Desse dia estranho, supenso, sem verdade alguma
As coisas aqui não estão tocáveis. As pessoas não são as pessoas que eu conheço.
O dia está do avesso
Minha cabeça dói
E meus olhos lutam contra a luz.
Quero minha casa, passar correndo por tudo.
Não quero o caminho. Quero estar no meu apartamento. Quieto
Com o som da tv baixo.
Quero dormir com a tv ligada assistindo CqC.
Acordar amanhã de manhã abrir a janela
E perceber que o mundo continua no lugar
Que o dia estranho acabou e eu voltei para o plano real.
Que tudo foi um sonho.
Ao contrário

sexta-feira, maio 08, 2009

Oração Ou Delirio

É tempo de silêncio
De fechar os olhos.
De agradecer.
É chegado o tempo de calma
Depois da tempestade
Da enchente
Do vulcão.
É tempo de cuidar da alma
De elevar o espírito
De deitar
Cultivar as plantas
E lançar sementes
Arar a terra.
Tempo de beijar a testa
A palma da mão.
De reconhecer
Falar mais baixo
Sorrir sem dor
De amanhecer.
É chegada a hora do chá no fim do dia.
Da rede na varanda. De margaridas no jardim
Da fumaça do café. Do queijo derretido
É tempo de musica suave
De dormir de tarde.
Acontecer.
É tempo de ternura.
De afago
Da hora exata do amor.
É meu tempo.
Ele dura pouco, é o agora. Nesse instante
Um pouco antes de morrer.

quarta-feira, maio 06, 2009

Sampa, meu amor

Manhã quente de verão, calor abafado típico da cidade de São Paulo.
Avenida do Estado, nove horas da manhã. E
stou parado em frente ao Mercado Municipal, precisamente sentado em um muro baixo de cimento, minhas narinas ardem com o cheiro forte de urina.
Leio um livro de Caio Fernando Abreu, vez ou outra levanto os olhos, contemplo o trânsito sempre infernal na avenida.
Que me desculpem os moradores, os urbanistas & ativistas em geral, uma das mais feias da cidade.
Olho do outro lado e avisto um prédio em ruínasm um velho conhecido dos moradores da capital o “treme-treme”, histórias bizarras nasceram ali.
Penso: “Como pode?”mais para passar o tempo do que qualquer outra coisa, tanto concreto sujo, tanta feiúra concreta.
Um contraste,vejo flores em uma das janelas sujas. Violetas?
É a leveza que insiste em nascer nos lugares mais duros.
Volto a ler o livro, queria um cigarro, uma maldita tragada apenas.
Suspiro como quem vai iniciar uma meditação. Sinto um pouco de raiva de mim, só um pouco, porque nesta manhã estou blue.
Raiva por ter perdido a hora e ter que esperar a carona ali naquele local.
Esperar é algo que realmente me frustra, ô coisa mais chata!
Perco-me mais uma vez em Caio Fernando Abreu, uma olhadela rápida no cruzamento logo ali na frente, vejo o carro que vêm me salvar e me levar pro meu destino.
Fecho o livro guardo na mochila e.
E nesse instante de fechar o livro e guardar na mochila, ouço um barulho surdo quase abafado, um baque.
Barulho de brecada e uns gritos, pareceu-me ser de mulher.
Um atropelamento no cruzamento da avenida do estado.
Paro um instante antes de entrar no carro, penso em ir ver o atropelado.
Desisto.
É uma manhã quente de verão o clima abafado típico de Sampa, existe leveza nas coisas duras.
Estamos no meio da semana e muita coisa ainda vai rolar, baby.

terça-feira, maio 05, 2009

Carta para você que amo

As vezes fico horas sentado aqui olhando pra tela, sem ter o que dizer.
Parece que tudo em mim se esgotou.
O que posso contar? Quais as novidades? Meu fim de semana foi igual a tantos outros, bem menos diferente do que planejei.
Sei que você gosta quando lhe escrevo, mesmo para contar nada.
Mas eu sinto que essa relação é unilateral.
Você quase não me escreve. Não me telefona e quando nos econtramos, o que é raro, você parece sempre estar suspenso.
Me pergunto se você já sabe. Se alguma vez meus olhos denunciaram o que minha boca esconde.
Se. Se. Se.
E hoje, por não ter o que dizer eu decidi te contar
Eu te amo.
Amo o teu jeito despretensioso, o teu cabelo dourado. Amo teu jeito de andar e como suas camisetas lhe caem bem. Amo tua mão quando você fala e teu gosto musical.
Amo como você enrola o baseado e como fica depois dele.
Sua risada atrasada. Teu jeito de prestar atenção no que digo.
O clima do teu apartamento que denuncia o tipo de pessoa que você é.
Essa carta é isso. Só isso. Faça o que quiser com ela. Espero que você entenda.
Passei os dias pensando nisso, quando eu me dei conta, que sei que você gosta de café puro, expresso. Lembrar de você em um dia qualquer na hora banal do cafezinho me fez perceber.
Que esse amor não cabe mais em mim.
Espero tua resposta, mande um sinal.
Fique bem. te beijo na testa

Com amor,
Ed.