quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Para onde? ou: Eu já fui Jovem

Para onde vão os sonhos?
Que caminho?
Que trilha é essa?
Para onde vamos?
Todos nós?
Onde ficam as noites aquecidas?
Sentados bem em frente à lareira
Para onde vão as conversas, depois do vinho, das imagens, de tudo que vivemos?
Lembro-me de noites (quarenta graus) olhando pela janela, fechando um livro, desligando a tv.
Lembro-me de pensar: “Sei exatamente onde quero estar”.
Por onde anda os amores?
Os amantes?
Faz tanto tempo
Que às vezes acho que me esqueci.
Esqueci o que é ser jovem demais.
Jovem demais para morrer.

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Medos & Pensamentos

Toda vez que olho as pessoas nas ruas eu penso.
Penso em coisas que não deveriam ser pensadas.
Penso quanto tempo ela gastou pra calçar aquelas sandálias verdes combinado com a blusa.
O tempo que ele demorou para dormir na noite anterior.
Se tinha alguém olhando para o céu no mesmo momento que eu olhava.
Penso tanto que perco fôlego.
Tenho medo da morte.
Medo de morrer dormindo
De levar um tiro.
De ser contaminado por uma doença fatal.
Medo.
No carro quando paro no semáforo da Rebouças eu penso na história do motorista ao meu lado.
De onde ele vem? Pra onde ele vai?
Fico tentando arrumar a casa, a vida, colocar os livros em ordem.
Tentando não sair, não beber.
Tentando não pensar em ácido, erva, pó.
Tentando ter uma vida mais saudável.
A dieta que nunca acontece.
Sinto raiva de muitos.
Às vezes sinto raiva de onde estou. Crio um ódio só para me sentir vivo.
E penso se já não estou morto.
Penso que o mundo às vezes para.
Tenho medo da amargura em mim.
Tenho medo do amor em mim
Às vezes na sacada as três da manhã penso em me jogar feito uma boneca de pano.
Terá secado?
Penso onde foi que me perdi.
E que não sei cuidar de mim.
Penso que isto tudo é uma baboseira.
Espaçosa que me aflige.
Penso em tudo e em nada.
No ar nos meus pulmões, no meu cabelo torto.
No piercing que caiu.
Penso tanto que sucumbo.
Medo de não acabar nunca
De não conseguir vomitar. Por pra fora esta angústia sabe Deus lá do que...
Ai, eu penso em Deus
E desisto...

sábado, fevereiro 23, 2008

Sábado chuvoso.

Os meus pés sempre ficam sujos enquanto todos os outros estão limpos.
Uso tênis Branco em dias chuvosos.
Durmo com a luz do banheiro acesa.
Tenho medo de escuro e altura.
Fumo muito e as vezes sozinho na fila do cinema finjo falar no celular.
Só para espantar a Solidão.
E para espantar a solidão finjo ser minha, a vida das personagens que leio.
E leio muito
Choro assistindo "Frida" e assisto sempre.
Sou cruel comigo e com os outros.
Destruo tudo com uma velocidade e facilidade invejável.
Tenho caixinhas onde guardo amigos e amores.
Tenho feridas exposta e todo mundo coloca o dedo.
Não tenho rosto.
Carrego o mundo nas costas, dentro de uma mochila laranja.
É facil me encontrar na rua, sempre tarde da noite, sentado em algum buteco tomando cerveja barata e com olhos brilhantes.
Sou tudo aquilo que restou do menino que era o unico que não tinha estojo de metal no colégio.
E nada mais.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Um banho qualquer

Apesar do dia quente encho a banheira de água morna
Só porque falta um dia para voltar para casa.
Estou cansado, meio desanimado e com a noite toda pela frente para pensar em coisas que nunca deveriam ser pensadas.
Jogo todo o pacote de sais comprado na lojinha de shopping. "Relaxante" foi o que disse a vendedora para me convencer a trazer quase um quilo.
Me deito. Coloco kings Of Convinience para ouvir. Abro o livro de Fernanda Young, o único que não li. Acho chato. Óbvio demais, repetido...
Vou relaxando... deixo o livro de lado. Quase esqueço o que estou fazendo aqui neste hotel onde tudo é impessoal demais, como qualquer hotel em qualquer parte do mundo.
Minha mente vai ficando vazia... o mundo parece ser composto pelo teto branco, a banheira cinza e minha unha do pé direito mal cortada.
Vou ficando mole demais olho a fumaça que vai invadindo o banheiro, é um cenário de um filme "b". Afinal qual personagem enche a banheira de água morna, quase quente, numa cidade com um clima como esse? Numa noite quente como essa?
Fato é que estou relaxado demais e meu corpo todo vai ficando mole... tudo parece não fazer sentindo algum, muito menos a unha mal cortada.
Suspendo meus braços... mente vazia...penso que sensação assim só sentia nos tempos de faculdade depois de queimar "um".
Ficava relaxado demais, e depois de toda a euforia inicial meu corpo todo se desfazia como se estivesse imerso em água morna e eu não tinha mais vontade de pensar em nada.
Derreto.
E assim derretido o mundo pode parar.
A sensação é boa. E apesar da noite quente, da vontade de voltar para casa, da carência afetiva, do cansaço, penso que seria bom fumar maconha.
Apesar dos trinta.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Noticias de BH

Cena 1 interna. Dentro de uma grande rede de supermecados. Quatro amigos, duas meninas e dois rapazes tentam decidir o que levar para matar a fome no final de domingo sem graça. Eles estão parados no imenso corredor de chocolates.
Depois de alguns segundos de silêncio ele diz:
- Já entendi a mensagem do "extra"
-Que mensagem...GENTE!
- o "extra" é igual em qualquer cidade...as mesmas coisas... o mesmo cen ário, a mesma disposição de mercadorias(olha em volta contemplando) é isso. A mensagem subliminar é: Não importa em que lugar você esteja no "extra" você sempre se sente em casa!

Cena 2 interna. Quarto de Hotel.
Eles, os moços, assistem tv.

-Será que se eu dormir sem escovar os dentes depois de comer uma "bono" chocolate branco vai passar barata na minha boca?
-NÃO. Estamos no vigésimo andar. elas não chegam até aqui...
-É...
- O problema são as cáries....
-ahahahahhahahahahahahhahahahahahhaha.

-toda vez que to assim penso em me jogar daqui...
-todo mundo pensa em se jogar depois disso, ou uma vez por dia, pelo menos...
-se eu me jogasse agora eu nem sentiria dor, acho.
-você pensaria "ui que vento"...
-ahahahhahahaha...mas não me jogarei, hoje é um péssimo dia para se morrer. Segunda feira.
-pode-crê.
(silêncio)
-será que a Marília Gabriela ja tentou se matar?
- acho que o gianechinni pensava em se matar todo dia pela manhã quando acordava do lado dela. ela é feia produzida. deve ser um monstro acordando...
-ahahahahahahhaha. vou escovar os dentes, esse lance de baratas me deixou encanado
....

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Plataforma de petróleo. Ou: Me responda, se estiver ai

Você já pensou assim e desistiu?
Já esteve no colo de quem você desejou e se sentiu só?
Já jantou?
Já dançou?
Já tocou a boca que você queria?
E se sentiu só.
Já chorou assim compulsivamente depois de um filme?
Já teve vontade de dizer de fato como se sentia?
Violado, cansado, cheio de cicatrizes, com medo de se afogar nas mesmas historias, sem bóias ou salva vidas.
Já se sentiu assim?
É como estar numa plataforma de petróleo, onde o mar encontra a escuridão....
Já quis soltar sem querer?
Já quis deixar sem soltar?
Já?
Já teve medo de ser só?
De tuas lagrimas inundarem teu quarto, a rua, o bairro o mundo?
De teus pensamentos serem formigas e serem esmagados com um All Star?
Já teve medo?
Já engoliu mais de uma vez?
Já?
Esse teu nó? Essa coisa na tua garganta.

segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Para ler quando partir

Eu ainda sou um fardo pesado demais para você carregar.
Há ainda pedaços de carnes.
De outros, um passado recente.
Pedaços vermelhos sobre minha pele branca.
Acenda meu cigarro.
É claustrofóbico viver dentro de mim
Não esqueça tuas meias brancas
Sinto náuseas no escuro que me envolve
Tenho medo de dormir sozinho.
Encha meu copo, um último gole
Olhe para mim
Sei que sou resto de outras histórias
De todas que carrego comigo
Minhas costas doem
Não esqueça tua jaqueta jeans, tá frio.
Vivo aqui nesta floresta onde tudo ao meu redor está morto.
É a minha floresta particular.
Onde me perco.
Olha… Teu cd, não te esqueça. Vai precisar dele quando sair em disparada pela rua vazia
Quando estiver no semáforo fechado vai querer ouvir mais uma vez a música.
A nossa.
Não tente entender nada. São só palavras vazias.
Eu ainda fico um pouco mais.
É preciso estancar o sangue. É preciso não sentir medo.
Eu fico.
Saia devagar, não me diga nada. Beije minha testa.
E feche a porta.
Ficarei aqui sentado sobre os lençois brancos
Enquanto a parede azul atrás de mim desmorona…