terça-feira, agosto 23, 2011

Carta ou "A valsa da vida"

Sento para lhe escrever. Primeiro acendo um cigarro.
O sol forte que entra pela janela queima minhas costas.
Dolorida. Dolorido, escrevo.
Penso em tudo que há pra dizer em tudo que não há.
Falar das novidades, dos encontros, ansiedade, da esperança.
Minha cabeça ferve. Os pensamentos são desalinhados pelo vento.
Súbito, uma preguiça. Nada há pra contar.
Quem dirá? De tudo que sabemos de tudo que foi previsto, revisto, traçado.
Lembro-me de uma frase de um autor que não me lembro.
“O coração tem razões que a própria razão desconhece”
Trago fundo. Gosto de menta e amargo, dizem que se apertar a bolinha verde no final fica mais forte.
O gosto. Quem precisa? Tô procurando suavidade.
O sol incomoda o calor também, o dia tá tão lindo que meus olhos se fecham. Sinto o suor na testa e palmas das mãos.
Queria contar do bonito. Da calmaria. Do sonho profundo e do sono raso.
Não consigo, metade do cigarro.
Quem diria? Que viver ia dar nisso? Os planos agora são outros.
A estrada mudou. Os pés um pouco mais cansados, mas e dai?
Enquanto houver amor há música.
E enquanto há música a gente dança.
Mesmo sem saber. Ligo o som e ensaio, pista vazia.
Eles vão chegar. Os convidados vestidos de sonhos.
A gente dança essa música.
Mais uma vez.

domingo, agosto 21, 2011

Felicidade!


Um dia me perguntaram o que era felicidade.
Eu era jovem ainda. E jovem respondi: É sonho!
Eu achava, naquele tempo em que minhas mão viviam lambuzadas de vida, que a Felicidade era um lugar.
Pra onde eu ia.
Era o desconhecido, era o novo, o mundo depois da montanha russa.
Eu embarquei, comprei meu bilhete com todas a economias guardadas no cofre de lata, gasto e velho.
Era o sonho, essa tal felicidade.
Eu me perdi.
O carrinho descarrilhou, derrapou na curva, se soltou, eu cai.
Lentamente e sem fim.
Depois da subida fatal, aquela primeira em que o coração quase vem a boca e o céu é o limite.
Eu cai, com as mãos para cima, sorriso no rosto, olhos fechados.
Eu desci.
No poço de mim.
O tempo passou. O trilho enferrujou. O parque fechou.
O sonho acabou?
Enquanto eu estava lá embaixo no profundo de mim. Eu entendi. Anos depois.
A felicidade não é o objetivo. O ponto final.
Ela é o caminho, a estrada.
Não palpável. É gota leve na testa em um dia quente.
Ela é coca-cola gelada na garganta seca. O vinho no dia frio
O mar a noite. As mãos quentes da mãe. Os braços fortes do pai.
O beijo na testa e o sorriso suspenso. É um quadro, um texto. Um telefone que toca.
Três vasos na janela. Fim do dia.
Se me perguntarem agora ( me perguntem!) eu responderei sem hesitar:
Felicidade é a janela depois da porta.
É a janela, depois do sonho!
É uma escolha. Para te-la basta abrir e deixar que as flores cresçam nos trilhos da vida.
A felicidade meu amigo, está ali.

quarta-feira, agosto 17, 2011

Com Ana & Blues

“Eu não vou a nenhum lugar
Nem eu!”
Pra onde não vamos minha querida?
Se quando te tenho seguro tuas mãos.
Te vejo pequena, de vestido de fita.
Teus olhos brilhantes.
Cortantes e precisos.
Se te conheço tão plena.
Desvendo teu sorriso.
Se te seguro nas mãos.
Se reflete teu brilho.
Pra onde não vamos? Não entramos? Em que porta não batemos?
Hein, minha querida.
Me diz se me sinto seguro, se nem tenho medo do escuro.
Se te levo comigo?
Porque se em outro momento nos cruzamos e ficamos?
Óbvio que vamos irmã, minha escolhida!

Do que eu vou sentir falta

Do que eu vou sentir falta?
De tudo , eu diria.
Mas tem uns detalhes, umas coisas.
Tão minhas. Essa cidade, nossos segredos.
Disso eu vou sentir falta.
Da escada rolante eterna da estação consolação.
Ali é possível observar tanta gente. Tanta vida, que sobe que desce.
Os olhares que se cruzam os sorrisos e pensamentos escondidos.
Uma dança sem fim.
Vou sentir falta das esfihas no arábe antigo na saída do metro ana rosa.
Do charme da paulista e seus skatistas.
Da augusta e seus devotos. Do meu boteco verde escolhido, na esquina da fernando.
Do Bebo Sim charmoso como a pompéia. O lugar que tem o melhor cosmopolitan da cidade.
Dos amigos que surgiram ali.
Do charme de pinheiros e perdizes. Da apiacás, um dos meus ninhos.
Da vila mariana e da machado de assis.
Do minhocão e toda sua feiura. Da caio prado. Do burburinho da maria antonia.
Da livraria cultura no conjunto nacional. Sentirei falta de perder horas ali.
Da rua das flores e da itapeva, o caminho de toda terça. A busca do equilibrio.
Do museu no ipiranga visto de cima.
Do parque da aclimação no quintal. Das escadas e o violão que me levavam até lá.
Do unibanco na augusta, da loja de discos.
Essas coisas, meus lugares na cidade.
Isso sim eu sentirei falta.
E de tudo o mais.
Á distancia de um grito.