sexta-feira, maio 22, 2009

Para Dri Cechetti

Sabe aquela menina da sexta série?
Aquela, que sentava lá na frente. Não na primeira fileira. Mas um pouco mais próxima da janela, na terceira mesa.
Não fazia parte da galera do fundão, nem tampouco era da turma dos chatos da primeira fila.
Aquela que te despertava curiosidade, lembra?
Ela que parecia séria, apesar da pouca idade, era de poucas palavras e só andava com as meninas na hora do intervalo.
Ela não tinha as melhores notas, mas sem dúvida, era a mais esperta.
Você olhava pra ela, sempre misteriosa. Você já sabia e pensava consigo mesmo "essa menina vai longe".
Ela carregava um mundo na mochila e a mochila nas costas, e pesava tanto as vezes.
A gente sentia naquela época que ela pulsava. Que em seus cabelos meio desajeitados, meio ondulados, desciam sensações e desejos e sonhos.
E de sonhos ela era feita.
Não que tivesse escolhido ser assim, essa menina, esse tipo de gente que não se vê por ai.

Mas fora predestinada.

Os anos passaram. A sexta série ficou lá em um passado distante e adivinhe? Ela deixou de lado a mochila mas continuou carregando o mundo nos ombros.
O seu mundo. Feito de cores e sons e sonhos.
E continua pesado. Mais que naquela época.
E a menina, como era de se esperar, sofreu. Porque assim são os predestinados sofrem um tanto mais que os outros, esses que andam por aí.
Quando você a encontrar vai acha-la meio perdida, um tanto diferente, vai achar até que ela se desviou de seu Destino.
Mas eis um segredo: O cabelo cheio de sensações continua lá, um pouco mais curto, no tamanho exato da luz.
E é preciso uma porção de paciência, de persistência para desconstruir as camadas que a envolvem.
Então aos poucos ela vai surgindo, aquela menina, cheia de ternura doce, beleza e dom.
E dá um pouco de medo porque apesar de pequena, ela é grande, expande e é preciso abrir portas e janelas e mesmo assim ela quase não cabe.
Porque ela é predestinada.
O que me deixa preocupado é que as vezes tenho a impressão que ela não sabe disso.
Então eu te peço, se a encontrar assim qualquer dia no supermercado, ou no semáforo fechado diga a ela no pé de ouvido: "Ei menina da sexta série, você me inspira".
Quem sabe se todo mundo, se mais gente disser isso a ela, ela passe a acreditar.
Então ela se lembre dela outra, na sexta série, e fique um tiquinho mais leve.

E volte a escolher os sonhos antes de dormir

2 comentários:

Adriana Cechetti disse...

Amei essa homenagem. É uma honra ter um texto escrito por um dos meus autores prediletos e por um amigo tão querido!

Adoro você e obrigada mais uma vez!

Que venham os sonhos!!!

Bjs,

Dri Cechetti

Eu disse...

Lindo , simplimente Lindo que homenagem incrivel você é um grande cara Ed.