quarta-feira, maio 06, 2009

Sampa, meu amor

Manhã quente de verão, calor abafado típico da cidade de São Paulo.
Avenida do Estado, nove horas da manhã. E
stou parado em frente ao Mercado Municipal, precisamente sentado em um muro baixo de cimento, minhas narinas ardem com o cheiro forte de urina.
Leio um livro de Caio Fernando Abreu, vez ou outra levanto os olhos, contemplo o trânsito sempre infernal na avenida.
Que me desculpem os moradores, os urbanistas & ativistas em geral, uma das mais feias da cidade.
Olho do outro lado e avisto um prédio em ruínasm um velho conhecido dos moradores da capital o “treme-treme”, histórias bizarras nasceram ali.
Penso: “Como pode?”mais para passar o tempo do que qualquer outra coisa, tanto concreto sujo, tanta feiúra concreta.
Um contraste,vejo flores em uma das janelas sujas. Violetas?
É a leveza que insiste em nascer nos lugares mais duros.
Volto a ler o livro, queria um cigarro, uma maldita tragada apenas.
Suspiro como quem vai iniciar uma meditação. Sinto um pouco de raiva de mim, só um pouco, porque nesta manhã estou blue.
Raiva por ter perdido a hora e ter que esperar a carona ali naquele local.
Esperar é algo que realmente me frustra, ô coisa mais chata!
Perco-me mais uma vez em Caio Fernando Abreu, uma olhadela rápida no cruzamento logo ali na frente, vejo o carro que vêm me salvar e me levar pro meu destino.
Fecho o livro guardo na mochila e.
E nesse instante de fechar o livro e guardar na mochila, ouço um barulho surdo quase abafado, um baque.
Barulho de brecada e uns gritos, pareceu-me ser de mulher.
Um atropelamento no cruzamento da avenida do estado.
Paro um instante antes de entrar no carro, penso em ir ver o atropelado.
Desisto.
É uma manhã quente de verão o clima abafado típico de Sampa, existe leveza nas coisas duras.
Estamos no meio da semana e muita coisa ainda vai rolar, baby.

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