Eu não sei. Ele tinha um jeito, assim, de lavar as mãos.
Ele esfregava suavemente uma sobre a outra, lentamente, enquanto se olhava no espelho da pia.
Não que fosse tão diferente de todo mundo que estava ali e fazia a mesma coisa
Mas havia alguma coisa nele que me chamou a atenção, eu estava na fila do banheiro e fiquei olhando aquela cena, aqueles olhos no espelho que me viram.
Talvez tenha sido isso, o olhar.
Alguma coisa naquele rosto claro, os cabelos quase loiros caídos na testa, as costas largas, meio desajeitado, lavando as mãos se olhando no espelho.
Como se fosse a única pessoa do bar, como se o mundo não existisse mais
Apenas ele.
O que será que ele pensava?
Eu podia ouvir o som abafado da musica alta e as risadas no salão.
Meus amigos me esperavam para dali irmos á outro lugar.
De repente, eu não sei, uma vontade maluca de falar com ele.
Ele fechou a torneira, secou as mãos brancas e saiu.
Pronto. Acabou.
Chegou a minha vez, depois minha hora na pia. Tentei fazer igual, olhando o espelho tentava inutilmente pegar alguma coisa dele...como se ele estivesse ali ainda.
Quase podia ouvir o som de seu coração.
Não sei se foi o jeito em que ele lavou as mãos
Ou olhar.
Sua beleza clara.
Eu não sei.
Quando eu voltei, meus amigos já tinham pago a conta, estavam de pé.
Eu estava um tanto mais sério, não o vi no salão, mas ele devia ainda estar por ali.
Tentei esboçar um sorriso, não consegui. Alguém falou alto alguma coisa engraçada, estávamos já saindo do bar quando de súbito um nó na garganta, uma vontade absurda de chorar.
Não sei se foram as mãos.
Na rua senti a brisa suave da noite de sábado.
Então entendi
Que ele era o rapaz mais triste do bar.
Um comentário:
Ed sensacional , muito bom adoro tudo o que você escreve e muito verdadeiro e real. São pensamentos que temos mas as vezes temos vergonha de falar e você passa isso para os textos e deixa quem tem reações parecidas emocionados.
Parabéns você e grande garoto e sempre passo aqui.
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