Mora um monstro dentro da minha pia.
Ouço barulhos que vem de lá
Acredito que ele esteja chorando, de solidão ou angústia.
As vezes eu choro também e sei que ele pode me ouvir
Os outros moradores da casa desconhecem a existência dele.
O que o torna meu. Único e exclusivo monstro.
Sei que ele deve ser feio, até mesmo gosmento
Durante a madrugada ouço seus passos pela casa adormecida
Ele vem até meu quarto, quer me dizer coisas belas e sujas.
Fico bem quieto, fingindo dormir.
Tenho vontade que ele me toque
Embora o cheiro me fere as narinas.
Tenho medo de abrir os olhosE encara-lo.
Ele é triste e sozinho.
Belo por dentro
Aprisionado em tanta feiúra.
Eu o amo em segredo
Ele me ama em segredo.
Apesar de moramos juntos e desejarmos as mesmas coisas, de sonharmos os mesmos sonhos
De fazermos parte da mesma pia, não nos temos.
Preconceito meu.
Preconceito do monstro.
Um comentário:
Eu gosto das suas histórias de monstros. E nesse exato momento, estou apaixonado por você. Já ouviu falar do concurso literário em MG? Você deveria participar da ficção.
;-)
Postar um comentário