Não sei que horas são.
Estou dentro deste ônibus, sentado sozinho, na poltrona da janela.
Há uma escuridão. Eu não vejo nada lá fora.
Apenas uma sombra desfocada de meu rosto no vidro.
È como se eu estivesse suspenso no tempo.
Estranho, penso. Dentro dessa viagem de seis horas, quando cai a noite e eu só vejo escuridão, sinto o momento presente.
Palpável como quase nunca consigo sentir
E me sinto desconfortável com isso. Sentir assim o momento presente tão vivo. Sem celular, nem qualquer tipo de ligação com o mundo externo.
O passado ficou lá na cidade de onde o ônibus saiu.
O futuro ainda não chegou, só quando entrar na marginal fedida, lotada de luzes e sons.
É o momento presente
Eu sozinho na poltrona, penso em tudo e em nada.
Pulso.
Ouço meu coração e todos os sons do meu corpo.
Ouço o silêncio em mim.
Este momento suspenso no tempo, no espaço
Sensação de que nada mais há.
Que nada mais resta
Somente esta noite, este instante preciso
Esta estrada escura.
Como se estivesse em outro plano.
Uma pausa na sequência da vida.
Penso somente no agora
E agora sou eu, sozinho na estrada, da vida
Com a mente vazia
E uma mala pequena
Lotada de sonhos.
Então, cansado de amores, do gosto que fica depois de tudo.
Eu adormeço.
Um pouco antes do destino final.
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