Ando por aí tentando descobrir um sentindo pra tudo.
Ando por aí com uma mochila nas costas ouvindo meu mp3.
Por aí eu vou observando cada movimento, cada passante, sendo levado pelo caminho desconhecido do som que ouço.
Vou assim desajeitado querendo uma vida diferente, um atalho.
Desajeitado invento outro mundo e neste mundo estou sentado em uma cadeira confortável na varanda de casa.
Minha casa pequena com uma horta nos fundos, um jardim cuidado e uma bicicleta.
Nesse mundo eu fumo bastante e domino as palavras. Consigo descrever as sensações exatas das coisas. Dos cheiros, toques, sons.
O tempo passa pela janela, calmo, e eu não tenho pressa.
Neste lugar não há abismos e quando sinto falta de amigos uso o telefone vermelho que fica apoiado numa mesinha de canto.
Ali não tenho medo ou ansiedade.
Nem crises nem divã.
Não há buzinas nem fumaças. Não há obrigações. Ou deveres.
Há um amor para ser cuidado, um afago para ser feito um silêncio necessário.
Há uma árvore que cresce com preguiça, que necessita atenção.
Um vinho tinto seco na temperatura certa.
E quando o telefone não basta há a presença dos amigos queridos.
Não penso no futuro, não penso em nada, tudo que me é precioso está ali naquela caixa, naquele terreno que cultivei com amor.
É minha Macondo, minha Pasárgada.
É para lá que vou em dias como hoje (que se repetem) em que essa lama cobre tudo.
E a luz se apaga.
4 comentários:
Amei. Amei.
E apesar de lindo o texto, fico pensando por que a gente precisa estar em dias tão escuros para escrever melhor ainda?
É melhor parar de fumar e não parar de escrever.
;-)
eu ando por aí
notando que nada é digno de me fazer andar
oh quanta amargura
hoje estou de mal-humor
fazer o q?
Aquele dia escrevi rápido que Angelo começou a berrar... mas... o texto está tão lindo... tão tanta coisa que sinto e penso e desejo que tive vontade de pegar pra mim. Copiar e mandar no meu blog como se fosse meu... hahaha
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