domingo, outubro 02, 2011

Um sonho que tive.

São dois.
Um menino, uma criança assustada, mimada, sozinha.
Que precisa voltar precisa correr, que tem pressa de crescer, de fugir, de amanhecer.
Uma criança que volta sempre.
Um demoninho pronto para fazer peripécias e depois chorar, fingir que não foi ele.
Que foi um outro.
Uma criança.
Passa o dia correndo, buscando, tentando achar desesperadamente esse tal tesouro do outro lado do horizonte.
Essa tal felicidade
Existe um velho, muito velhinho, sentado na varanda.
Cultivando lembranças.
Com um gosto amargo na boca
Farto da amargura da vida
Um velho ranzinza, mal humorado maldizendo o mundo e repetindo:
“No meu tempo”
Um velho mimado, sem pressa.
Frustrado cultivando orquídeas.
Lembrando uma vida que teve
Lamentando um tempo que não volta.
A criança e o velho vivendo juntos num abismo profundo
No escuro em mim.
Impedindo, jogando dados no tabuleiro.
Iludindo, persuadindo.
Impedindo o homem
De chegar.
De estar no controle.
Impedindo o homem
Que eu deveria ser.

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